O homem que originou a lei do Galo
A outra ficou conhecida como a ‘lei Bosman’ e esta vai com certeza ficar para a história como a ‘lei do Galo’. O vaticínio é de Marcelo Rebelo de Sousa, mas merece o aplauso generalizado em Barcelos, onde ninguém pensa noutro resultado, na Assembleia Geral de quinta-feira, que não seja a decisão de “ir até às últimas consequências”.
Aliás, ontem, no dia em que a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) recebeu a carta da FIFA, que diz que se até ao dia 14 o caso Mateus não estiver resolvido o futebol português fica suspenso das provas internacionais, o clube de Barcelos fez questão de deixar claro que pretende contestar em Tribunal a tese de que as provas desportivas da Liga Portuguesa de Futebol são de interesse público.
“O que a Federação vai invocar junto do Tribunal Administrativo de Lisboa é muito relativo, já que estamos a falar de provas desportivas e não de questões essenciais à vida pública nacional”, disse à Lusa um dirigente do clube gilista.
Entretanto, mesmo sabendo-se que esta contestação do Gil não tem efeitos suspensivos da declaração de interesse público, está longe de ser claro que essa declaração tenha algum efeito prático na resolução do caso Mateus.
E António Fiúza, o homem que tem estado no centro de toda esta polémica, já fez saber à restante direcção do Gil Vicente que “a vontade dos sócios é para respeitar, venha quem vier”.
“Olhe que ele não é de meias palavras e é do género antes quebrar que torcer. Quem pensar que ele vai vergar-se ao peso dos grandes ou a qualquer promessa financeira está muito enganado”, disse ao Correio da Manhã um dos actuais directores do clube.
Preferindo manter o anonimato, este influente elemento da direcção gilista referiu que, “ao contrário de quase todos os senhores que gravitam no futebol português, o presidente do Gil Vicente é um homem vertical, que só tem uma palavra e que subiu na vida a pulso, à custa de muita luta e de muitos sacrifícios”.
O CM sabe, entretanto, que há duas questões que podem mudar o rumo dos acontecimentos: o eventual pagamento, por parte da FPF, de todas as despesas inerentes à despromoção do Gil, que, segundo alguns dirigentes, serão sempre superiores a 7,5 milhões de euros, e as escolas de formação do clube que, em caso de suspensão, deixam 350 jovens sem prática desportiva.
Acontece que os sócios mais irredutíveis já procederam à abertura de contas bancárias onde “quem quiser” pode ajudar o Gil a fazer cobro às muitas despesas judiciais.
PERFIL
António dos Santos Fiúza, 54 anos, é casado e tem dois filhos (Susana e Pedro). Este empresário têxtil ligado à produção de peúgas, católico praticante, tem uma ligação umbilical ao Gil Vicente, onde o pai foi roupeiro ao longo de vários anos. Aliás, a casa da família ficava a menos de 200 metros do Estádio Adelino Ribeiro Novo. Antes de chegar a presidente, António Fiúza foi director do Departamento de Publicidade, relações públicas, vice-presidente das amadoras e presidente adjunto. É o único presidente da Liga Bwin que ocupou todos os cargos na estrutura do clube, inclusive foi jogador de futebol de nível médio.
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