Apito Dourado: Apenas sete árbitros da primeira categoria não foram investigados
A investigação denominada “Apito Dourado”, sobre alegados casos de corrupção no futebol, envolve 18 dos 25 árbitros da I e II Liga de Futebol, noticia a edição de hoje do jornal “Público”, citado pela agência “Lusa”. Segundo o jornal, só sete árbitros da primeira categoria "escaparam à investigação". Por outro lado, Paulo Costa (Porto), João Ferreira (Setúbal) e Duarte Gomes (Lisboa) foram os únicos, dos nove internacionais, "sobre os quais nunca recaíram indícios de corrupção" nas quase mil folhas que compõem o despacho final do Ministério Público (MP) de Gondomar. Os restantes da primeira categoria são Vasco Santos e Carlos Duarte (promovidos este ano), bem como Hélio Santos, de Lisboa, e Rui Manuel Costa, do Porto, acrescenta o “Público”. Dos restantes árbitros que fazem parte das divisões maiores há "situações diversas", em alguns casos, o MP constitui-os "liminarmente arguidos", por estarem em causa diversas suspeitas, escreve o diário. Noutras situações, os referidos árbitros não chegaram a ser constituídos arguidos, mas sobre eles recaem indícios de corrupção. Um dos casos, exemplifica, remete para o recentemente promovido Hugo Miguel, que na época 2002/03 arbitrou o Porto B/Gondomar. "O encontro acabou empatado e os investigadores apuraram que o árbitro e a respectiva equipa foram 'premiados' com objectos em ouro", diz o “Público”, referindo que a situação acabou depois por ser arquivada devido à má qualidade do som da fita gravada que impedia que "as incidências do jogo pudessem ser analisadas pela equipa de peritos". Actualmente são nove os árbitros portugueses incluídos no quadro da FIFA e destes, segundo o diário, Lucílio Baptista, Paulo Paraty e Bruno Paixão foram constituídos arguidos no processo de Gondomar. Artur Soares Dias, Augusto Duarte, Carlos Xistra, Cosme Machado, João Vilas-Boas, Nuno Almeida, Paulo Pereira, Paulo Baptista e Rui Silva foram os restantes da primeira categoria também constituídos arguidos no âmbito deste processo. Segundo o “Público”, Elmano Santos apareceu envolvido na arbitragem do jogo Benfica-Boavista, a 18 de Janeiro, com o seu nome a ser indicado por Valentim Loureiro, que um dia antes do jogo lhe telefonou, dando-lhe conta que teria sido absolvido num processo disciplinar instaurado pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional, organismo a que preside. Neste caso, precisa, o Boavista perdeu o jogo por 3-2 e Elmano Santos foi novamente abordado por Valentim Loureiro, que estaria "bastante irado", dando conta ao árbitro que poderia ser alvo de outro processo. Deste caso, escreve o diário, foi extraída certidão para o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do Porto, com o relatório dos peritos a ressaltar que "os erros do árbitro foram em igual número para ambas as equipas". Quanto a Jorge de Sousa, explica, as duas referências dizem respeito a jogos da II Liga - o primeiro envolve José Veiga e o encontro foi o Estoril-União da Madeira, a 7 de Março de 2004 e o segundo foi o encontro Marco-Maia a 14 de Março de 2004 - mas o MP já arquivou o processo "por não ter conseguido determinar se o actual director-geral do Benfica foi ou não contactado. Olegário Benquerença (internacional) é outro dos "não arguidos" que foram investigados pela Polícia Judiciária, depois de suspeitas após uma conversa com um dirigente do Penafiel com Valentim, onde aquele deu conta que lhe agradava a nomeação daquele árbitro para o Leiria. Também internacional e igualmente não arguido, Pedro Henriques foi, contudo, investigado pela alegada possibilidade de ter cometido o crime de corrupção desportiva na forma passiva, depois de ter passado de quarto para terceiro lugar nas classificações. De acordo com o “Público”, a PJ interceptou chamadas entre Pinto de Sousa e António Garrido, onde o primeiro dava conta ao segundo de que a classificação tinha sido alterada. Pedro Proença está, segundo o jornal, na mesma situação (não foi constituído arguido, mas está indiciado por corrupção em factos sobre os quais foram extraídas certidões), com o jogo da final da Supertaça 2002/03, que opôs o FC Porto ao Leiria. Neste caso, refere, o árbitro foi escolhido por Pinto da Costa e Pinto de Sousa reconheceu ter aceite a indicação do presidente do FC Porto "porque andaram juntos no colégio".
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