AG do Gil Vicente apoiará manutenção dos processos

Pedro Macieirinha, um dos advogados do Gil Vicente, disse à Agência Lusa não ter dúvidas de que a Assembleia Geral do clube da próxima quinta-feira vai decidir-se pela continuação dos processos em tribunal no âmbito do "caso" Mateus. "Não tenho dúvidas de que os sócios vão querer que o processo continue", afirmou Macieirinha. O advogado aproveitou para explicar que "o grande erro da federação" foi "vingar-se" nas camadas jovens do clube, quando a 25 de Agosto se decidiu pela suspensão do clube de todas as competições não profissionais. Macierinha explicou que o Gil Vicente apresentou um recurso ao Conselho de Justiça da FPF, pedindo a suspensão desta medida e alegando o "interesse público dos 300 miúdos" que jogam nas camadas mais jovens, mas, em resposta, o CJ entendeu que "o clube continua em prova, está é suspenso". "O grande erro da federação foi vingar-se nos miúdos. Foi isto que mais revoltou as pessoas", disse, acrescentando: "Eu próprio fiz uma promessa às camadas mais jovens de que iria recorrer para os tribunais civis, se necessário". O advogado, que acompanhou o presidente do Gil Vicente António Fiúza na entrevista concedida à RTP, disse ainda que, no final, os adeptos foram "unânimes" em apresentar o seu apoio às posições do clube gilista. "Todos os dias entram 10 a 15 propostas para novos sócios e gente que diz que, se for preciso, se faz sócio" do clube e foi mesmo "criada uma conta para apoiar o Gil (Vicente) nas questões jurídicas", explicou. No seu "entendimento", os adeptos e simpatizantes do Gil Vicente acham que "é preciso fazer rolar cabeças que estão há muitos anos no futebol" e isso pode acontecer caso o processo chegue ao "pior cenário", com a exclusão das equipas e selecções portuguesas das competições internacionais.

FIFA e clubes não pressionam Gil Vicente, diz Macieirinha
A FIFA e os "grandes" clubes portugueses em risco de suspensão das competições europeias de futebol nunca pressionaram o Gil Vicente a voltar atrás no recurso aos tribunais judiciais no caso Mateus, garantiu o advogado Pedro Macieirinha. "Nunca. Nem vi ou ouvi a FIFA a pronunciar-se", afirmou o jurista do Gil Vicente, em declarações à Agência Lusa. Em relação à FIFA, Macieirinha disse mesmo que "todos os dias" consulta o site da organização e nunca viu nada em relação ao Gil Vicente, nem mesmo quando o presidente Gilberto Madaíl visitou quinta- feira a sede da organização em Zurique (Suíça). "No site apareceu uma fotografia do doutor Madaíl com uma legenda a dizer que visitou as instalações: dá a entender que só foi para visitar as novas instalações. Mesmo quando ele chegou a Lisboa, e os jornalistas lhe perguntaram o que podia acontecer, ele limitou-se a responder: vocês sabem...", notou. Em relação aos "grandes" do futebol nacional, FC Porto, Sporting e Benfica, Macieirinha volta a sublinhar que o Gil Vicente nada sentiu em termos de pressões para que desista do processo que está a correr no Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa. "Nada. Absolutamente nada... O que ouvi foi o presidente Pinto da Costa dizer que não acreditava em nada disso e o doutor Soares Franco o mesmo", sublinhou. O advogado avançou a sua própria interpretação dos factos, considerando: "Para mim, isto não é um 'bluff', mas é uma história que puseram cá fora para justificar a invocação do interesse público" para a continuação das provas profissionais de futebol. O advogado sugeriu que a carta que a FIFA deverá enviar segunda-feira, contendo um ultimato do organismo para que o Gil Vicente retire a acção no tribunal, deve ser tornada pública, para que o "povo saiba o que lá diz". O semanário Expresso avança hoje que a FIFA enviou uma carta com um ultimato ao Gil Vicente: ou o clube desiste do recurso aos tribunais judiciais ou as equipas nacionais ficam impedidas de participarem em todas as competições internacionais a partir do dia 15 de Setembro. O jornal fixa em 25 milhões de euros o montante total de prejuízos, caso a suspensão venha a verificar-se. O "caso" Mateus tem abalado o futebol português desde Março último e reporta-se ao alegado recurso para os tribunais judiciais de decisões dos órgãos jurisdicionais do futebol português que despromoveram o Gil Vicente.