domingo, setembro 24, 2006

João Pereira revoltado com silêncio da Direcção do Gil Vicente

Depois de mais uma falta de comparência a um jogo, o Gil Vicente tem os dias contados na Liga de Honra. João Pereira, jogador do clube de Barcelos, afirma ao Sportugal que está descontente com esta situação: “estão a tirar-nos aquilo que mais gostamos de fazer”. O lateral reage e denuncia que “há pessoas que estão a tomar opções para não jogarmos, quando o queremos fazer. Os jogadores não têm nada a ver com a situação e estão a ser os mais prejudicados com tudo isto.”
Apesar de não jogarem ao fim-de-semana a rotina diária continua a ser a mesma e nada mudou. “Continuamos a treinar todos os dias, a dar o máximo para estarmos bem caso haja jogo no fim-de-semana”, assegura o jogador.
Mas a desconfiança paira no ar. “O futuro está cinzento”, afirma, pois não se vislumbram novidades positivas na próxima semana. Se o Gil Vicente não comparecer no próximo jogo será automaticamente excluído das competições da Liga.
“Já não tenho confiança em nada, já ando nisto há um mês”. Inclusivamente a direcção não fala com os jogadores. “A direcção não diz nada. Eu só soube, ontem [sexta-feira], através dos jornais que não ia haver jogo. E foi o treinador, hoje de manhã, que falou connosco a dizer que não íamos jogar mais uma vez.”, queixa-se o médio gilista.
João Pereira garante que os jogadores estão a par da situação mas que não podem fazer nada. Contudo, avançou ao Sportugal que existe uma cláusula de rescisão no seu contrato que prevê essa situação. “ Não posso rescindir neste momento, mas posso rescindir o contrato se houver 2 meses de pagamentos em atraso ou se o clube tiver quatro faltas de comparência consecutivas em jogos”, adianta. E isso pode vir a acontecer já na próxima semana.
Assim sendo, neste momento o internacional sub-21 assegura que “pensa em todas as possibilidades”, mas não quis adiantar nada sobre a sua possível saída do clube. Contudo, deixou escapar o desejo de voltar a jogar no escalão principal: "Claro que tenho ambições de jogar num clube da primeira divisão.”
E se por acaso a direcção mudar de ideias e o Gil Vicente jogar o próximo jogo, o jogador nem quer pensar no que poderá acontecer. “Imagine que vamos jogar para a semana, começamos o campeonato com 9 ou 12 pontos de atraso, dependendo do jogo do Feirense esta jornada, o que é que podemos fazer? Vamos lutar para não descer”, afirma o gilista. "Isto não quer dizer que não queira ficar no clube", mas o jogador acha que "não podem exigir mais à equipa do que este objectivo".
O jogador, pouco utilizado no Benfica, deixou a Luz para rumar ao Gil Vicente. “O Benfica nunca me faltou com nada, mas estava tapado, por isso decidi mudar de ares para relançar a minha carreira", confessa.
“Quando vim para o Gil Vicente era um clube sério, a cidade era boa. Os quatro meses que cá passei foram bons e conseguimos a manutenção, dentro de campo, na primeira Liga", conta. Com o imbróglio criado pelo "caso Mateus" João Pereira sente-se desiludido com a situação que vive no clube de Barcelos: “Saiu-me o tiro pela culatra.”
O jogador, a viver uma das piores fases da sua vida, afirma que se não fosse a boa relação existente entre os jogadores, as coisas poderiam estar "bem piores". “Se não tivéssemos um grupo de boas pessoas que tentam todos os dias lutar para que tudo melhore e que treinam sem qualquer apoio, então isto tinha descambado”, refere.
Aos 22 anos, João Pereira vê a sua carreira sofrer um rude golpe. Apesar de todas as contrariedades e da falta de esperança no futuro, o internacional português revela que continua a ter um carinho especial pela camisola gilista. “Gosto do Gil Vicente e gostava que o projecto fosse em frente”, conclui.