sexta-feira, setembro 08, 2006

Apito Dourado: «O que está aqui não foi para favorecer o Benfica», diz Vieira

Luís Filipe Vieira reagiu esta sexta-feira à notícia do jornal Público que revelava uma conversa telefónica entre Luís Filipe Vieira e Valentim Loureiro sobre o árbitro que iria apitar o encontro entre Benfica e Belenenses da meia-final da Taça de Portugal de 2003/04. O presidente do Benfica confirma a conversa e diz que se limitou a «transmitir o descontentamento à volta de uma época em que o Benfica foi prejudicado». Diz-se também alvo de perseguição.
Numa declaração sem lugar a perguntas, Vieira historia a conversa. «O que há nessa escuta revela o estado de espírito de um homem que pugna pela transparência e rigor. Não fui eu que telefonei para o sr. Major. Nesta época o Benfica foi largamente prejudicado, o que eu fiz foi transmitir todo o descontentamento à volta de uma época desportiva no Benfica. Ele ia falando árbitro a árbitro e eu dizia o que achava. Não disse ou porque possa dar fruta, ou oferecer determinados favores. Fui muito claro e não tenho receio algum. Se fui escutado estou à disposição», afirma Vieira, dizendo que aquele foi um «acto de alguém que só quer a verdade, não pede benefício para nada».
«O que está aqui não foi para favorecer o Benfica», insiste Vieira, lembrando que «um dos árbitros visados (Lucílio Baptista) até foi o árbitro da final». O dirigente revela ainda que este tipo de conversas são prática comum no futebol português: «É comum, nomeadamente em jogos da Taça, aconselharem de comum acordo quem vai apitar esse jogo. Não perguntem se é correcto, mas é isso que está. Talvez sirva de exemplo a partir de agora para mudar.»
Vieira salientou ainda o facto de a notícia surgir na «véspera de um jogo importante, que curiosamente tem o mesmo arbitro». E justifica porque disse que sim na citada escuta ao árbitro João Ferreira. «O Pedro Henriques e o João Ferreira são homens militares, sei o que é um militar e sei o que são para eles os valores de ética e verdade. É verdade que quando se falou no João Ferreira eu disse sim senhor, dá-nos garantias. O Benfica não pediu nenhum árbitro a ninguém.»
«Não houve intenção de lesar quem quer que seja ou qualquer instituição», garante Vieira: «Foi revolta que sinto e o que disse ao major digo ao Primeiro Ministro ou ao Procurador Geral da República. Não queremos ser prejudicados como fomos ao longo de muitas épocas. Não queremos ser beneficiados, mas não queremos ser prejudicados.»
«Começa a ser um romance para mim agora, mas quero dizer que principalmente para mim é um dia bastante feliz da minha vida», começou por dizer o dirigente, na reacção à notícia divulgada hoje. «São notícias curiosas. Quero dizer perante o país todo que não sou arguido de nada, nunca fui testemunha de ninguém nem nunca fui ouvido sobre o Apito Dourado. Nunca foram a minha casa, nunca fui detido, quando sou detido é pelo trânsito, como cidadão encontro-me perfeitamente à vontade.»
«Tenho sido vítima de alguma perseguição, mas quero dizer a todos que não me vou calar nem tenho medo», afirmou Vieira, que disse ainda, mostrando um papel e sem explicar as circunstâncias: «A escuta ou que aparece no jornal, que o título não se coaduna nada com a noticia que bem no jornal, eu já o tinha recebido há 15 dias para estar calado.»