Gil Vicente: advogado anuncia hipótese de recorrer ao Tribunal Europeu
Esta noite na Assembleia Geral do Gil Vicente, o advogado José Luís Cruz Vilaça revelou que o clube pondera recorrer ao Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias para resolver o "caso Mateus". O presidente António Fiúza denunciou "casos de Judiciária".
Cruz Vilaça, que lidera uma equipa de cinco advogados encarregue do caso Mateus, sustentou que o Gil Vicente recorreu aos tribunais nos termos constitucionais e numa matéria do foro administrativo.
A Assembleia decorre num ambiente de forte bairrismo, o que deixa antever que os sócios venham a votar maioritariamente a favor da continuação da "luta" nos tribunais.
Aplaudido como "herói" pelos cerca de cinco mil sócios e simpatizantes presentes, Cruz Vilaça disse que a acção judicial interposta no Tribunal Administrativo não é do foro estritamente desportivo, já que se prende apenas com um problema administrativo, o da regularidade da inscrição de um jogador.
Cruz Vilaça lembrou que existe já um acórdão do Supremo Tribunal Administrativo que considera tal matéria do foro administrativo, e manifestou-se convicto de que o clube se manterá na primeira Liga do futebol português.
Argumentou que o clube respeitou quer os estatutos da Liga quer os da Federação Portuguesa de Futebol, bem como o articulado legal contido na Lei de Bases do Desporto.
Sem adiantar quais os recursos a que o clube irá recorrer nos próximos dias, designadamente para impedir a declaração do "interesse público" invocada pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Cruz Vilaça vincou que "compete aos juízes e não ao Conselho de Justiça a última palavra sobre a matéria".
O advogado rejeitou a ideia de que houve "violação dos estatutos da FIFA" por parte do clube, assinalando que a carta que este organismo enviou à Federação não lhe atribuía a culpa do caso.
António Fiúza denuncia "casos de Judiciária"
Esta noite, o presidente do Gil Vicente, António Fiúza, apelou à Polícia Judiciária para investigar um conjunto de situações de alegada corrupção em favor do Belenenses no "Caso Mateus" e pediu ao governo para "demitir" os responsáveis da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).
"Peço ao secretário de Estado da Juventude e do Desporto e ao Governo para demitir toda esta gente na FPF que não tem competência", disse António Fiúza.
O presidente do Gil Vicente falou de "chamadas telefónicas de pressão denunciadas por Valentim Loureiro, um telefonema de Pedro Mourão (presidente da Comissão Disciplinar da Liga) ao presidente do Belenenses a dizer que a permanência destes na Liga está no 'papo' e de uma primeira página de “A bola” que noticiava a descida do Gil Vicente quando a CD nem sequer tinha feito a primeira votação, que acabou por ser favorável (3-2) ao Gil Vicente".
António Fiúza considera que está montado um "conluio" contra o Gil Vicente que, além do Conselho de Justiça da FPF, inclui também altos responsáveis da Liga Portuguesa de futebol Profissional (LPFP), nomeadamente Cunha Leal (director executivo que apresentou esta semana a demissão), Adriano Afonso (presidente da Assembleia Geral) e Pedro Mourão (presidente da CD): "todos vestiram a camisola do Belenenses".
O líder do clube minhoto falou ainda de "enormes dualidades de critério" da justiça desportiva portuguesa, lembrando que no passado o Sporting também recorreu aos tribunais civis para resolver o diferendo com o Benfica sobre a transferência de Paulo Sousa, o próprio Belenenses fez o mesmo em 2003 para impugnar uma assembleia geral da Liga e agora foi o Nacional a seguir idêntico caminho para tornar nulas as eleições dos novos corpos sociais da Liga.
O dirigente falou também de todos os gestos de solidariedade e preocupação para eventuais sanções da FIFA que implicariam o impedimento da selecção e equipas disputarem competições internacionais, questionando porque é que não existe atitude idêntica para com o Gil Vicente: "por acaso somos um clube da Galiza?".
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