Gil Vicente decide "não comparecer" ao jogo com o Feirense

O Gil Vicente anunciou hoje a decisão de "não comparecer" amanhã ao jogo com o Feirense, marcado para o Estádio Cidade de Barcelos, referente à segunda jornada da Liga de Honra de futebol.
Num comunicado, a direcção do clube minhoto dá conta do andamento do processo conhecido como caso Mateus e diz que, com esta deliberação, pretende "dar mostra de que não prescindirá dos processos judiciais, que, está certo, conduzirão ao reconhecimento da razão que lhe assiste".
O Gil Vicente garante manter-se "convicto da sua razão" e promete "continuar a pugnar pela verdade e pela justiça, valores essenciais de um Estado de Direito e, por isso, também do futebol".
Segundo o clube de Barcelos, "contrariamente ao posto a circular, o Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa aceitou o pedido de declaração de ineficácia apresentado pelo Gil Vicente com vista à impugnação da resolução fundamentada e, nesse sentido, notificou já as demais partes no processo para responderem, caso queiram".
Noutro ponto do comunicado, os barcelenses informam que "o Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa se limitou a indeferir um novo pedido de medidas cautelares urgentes destinadas a evitar o efeito que a Federação Portuguesa de Futebol pretendia ilegalmente induzir, sem que o tribunal se pudesse pronunciar antes".
"Nestas circunstâncias, a direcção do Gil Vicente lamenta informar que se viu forçada a deliberar, em reunião urgente realizada na noite de sexta-feira [ontem], não comparecer ao jogo de domingo com o Feirense", explica o clube.
A medida tem como efeito imediato, pelo menos, a perda de três pontos, por o clube ser penalizado com a derrota, e ainda uma multa.
Após esta atitude, o clube de Barcelos vai "aguardar uma decisão de fundo a ser proferida pelo tribunal competente acerca do caso Mateus", mas lamenta a actuação da Federação Portuguesa de Futebol, que "pode pôr em causa a presença do Gil Vicente nas competições profissionais de futebol, porquanto lhe aplicou sumariamente a pena de morte desportiva".
"A Federação Portuguesa de Futebol e demais partes envolvidas nos processos judiciais são responsáveis pelos prejuízos que originaram e aqueles que se vieram a produzir, num caso em que indicou ao Gil Vicente o recurso aos tribunais (direito constitucionalmente protegido), para, posteriormente, vir punir o clube por seguir tal indicação", adianta também o clube de Barcelos.
Por considerarem que a informação veiculada nas últimas semanas na comunicação social tem sido contrária à verdade dos factos, os minhotos tecem duras críticas às "reiteradas informações feitas passar para a comunicação social, que visam induzir em erro a mesma e a opinião pública sobre o que se passa nos processos judiciais em curso".
Para evitar a ameaça da FIFA de suspender as equipas portuguesas a partir de 14 de Setembro, a Federação Portuguesa de Futebol entregou na passada quarta-feira no Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa a resolução fundamentada a invocar o interesse público dos campeonatos profissionais, procurando desta forma suspender os efeitos de uma providência cautelar apresentada pelo Gil Vicente.
Com a invocação do interesse público fica em vigor a deliberação do Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol que despromove o Gil Vicente para a Liga de Honra e recoloca o Belenenses na Liga principal, devido ao facto de o clube minhoto ter recorrido, de forma sucessiva, aos tribunais comuns no âmbito do caso Mateus.
O caso Mateus teve origem em Janeiro com o facto de o Gil Vicente ter recorrido para os tribunais comuns para conseguir a inscrição provisória do avançado internacional angolano Mateus, não permitida pelos regulamentos por este ter estatuto de amador no Lixa, o que o impedia de voltar a ser profissional naquele momento.