terça-feira, setembro 26, 2006

Inter de Milão sob suspeita de deslealdade desportiva

O Inter de Milão, um dos emblemas italianos que saiu incólume do escândalo de fraude desportiva que atingiu o futebol transalpino, conhecido como “CalcioCaos”, viu-se atingido pela sombra de um caso de eventual deslealdade desportiva.
O caso remonta ao ano de 2002 quando, segundo diversos órgãos de informação italianos, o Inter, cujo accionista de referência é Massimo Moratti, teria contratado uma investigação privada para espiar o árbitro Massimo De Santis.
Recorde-se que De Santis é um dos principais visados no escândalo de fraude desportiva apelidado de "Moggi Gate" e que foi suspenso de funções por quatro anos.
Desta forma, segundo publica hoje o diário desportivo Gazetta dello Sport, em 2002 o árbitro Danilo Nucini manteve uma conversa com Giacinto Facchetti (ex-presidente do Inter falecido no último Verão) onde lhe deu conta de ligações estranhas entre Moggi, De Santis e os dirigentes desportivos Fabiani e Luigi Pavarese.
Facchetti, diz o mesmo jornal, solicitou a Nucini que desse conta dessas ligações à Procuradoria Pública de Milão, o que não foi feito.
Então, o Inter de Milão, clube que beneficiou das sanções impostas à Juventus e ao AC Milan para aceder ao título da Serie A 2005/06, decidiu encarregar a agência de investigação "Polis d'Istinto" para vigiar De Santis, sobre o qual foi aberto um dossier.
Na sequência dessa decisão, a De Santis e a sua mulher foram intercepta das conversações telefónicas, além de ambos terem sido seguidos, fotografados e as respectivas contas-correntes investigadas.
No final, o dossier acabaria por ser encerrado com a anotação de que "não foram encontradas anomalias" sobre o visado.
Esta suposta investigação ordenada pelo Inter foi descoberta na sequência das inquirições efectuadas pela Procuradoria de Milão no âmbito da descoberta de uma mega-rede de escutas ilegais associada à empresa Telecom Italia, e que já levou à detenção de um total de 21 pessoas.
A rede, que espiou milhares de pessoas, entre políticos, banqueiros e financeiros, desportistas, jornalistas, vips e até gente anónima constituiu, segundo a Procuradoria de Milão, "um óbvio instrumento de pressão e de ameaça".
A ser verídica a actuação dos responsáveis do Inter, o clube terá viola do o código de justiça desportiva, em concreto o seu artigo primeiro, que faz referência ao princípio da lealdade.
Precisamente por violação deste artigo foram sancionados e penalizados no Verão passado vários clubes e dirigentes no caso da fraude desportiva, que teve no ex-director-geral da Juventus, Luciano Moggi, o principal fautor.
O Inter de Milão, entretanto, por intermédio do seu accionista de referência (Massimo Moratti) já negou ter ordenado qualquer tipo de investigação ou de intercepção de conversações telefónicas, considerando o assunto como "totalmente destituído de fundamento".