terça-feira, setembro 26, 2006

Apito Dourado: PJ quer investigar fuga de informação que terá beneficiado Pinto da Costa

O director da Polícia Judiciária vai solicitar à Procuradoria-Geral da República a abertura de uma investigação criminal à alegada fuga de informação no interior da PJ a favor de Pinto da Costa, no âmbito do processo "Apito Dourado", noticia a agência “Lusa”, citando o diário “Correio da Manhã” (CM).
Na edição de hoje do “CM” lê-se que o presidente dos dragões foi avisado do que se passava, o que lhe permitiu ausentar-se do país, evitando a detenção e frustrando as próprias buscas. Este caso de fuga de informação ocorreu na segunda fase da operação "Apito Dourado", em Dezembro de 2004. O “CM” acrescenta que a decisão do director nacional da PJ, Alípio Ribeiro, foi tomada na sequência de uma notícia publicada ontem naquele diário, dando conta de que Pinto da Costa foi avisado por um alto funcionário da PJ de que seria detido e alvo de buscas domiciliárias. Fontes judiciais disseram ao jornal que o aviso "frustrou a estratégia da investigação, por ter sido o único suspeito a não ser surpreendido pela Polícia Judiciária". Em declarações ao “CM”, ontem à noite, Alípio Ribeiro afirmou: "A Polícia Judiciária não poderia ficar indiferente a uma situação destas, mas também não pode nem deve investigar-se a si própria, até por ser um caso de relevância criminal, mais do que disciplinar". Segundo Alípio Ribeiro, "não existe na PJ do Porto qualquer processo disciplinar sobre esse caso", o que, em seu entender, "constitui mais uma razão para se actuar".
Ao “CM”, Alípio Ribeiro disse ainda que quer "tudo esclarecido" porque "a Judiciária não pode pactuar com este tipo de situações, venham de onde vierem". "Além da eventual violação do segredo de justiça e dos deveres funcionais, estaria assim em causa uma acção contra a realização da própria justiça", acrescentou o director da PJ. A notícia do jornal foi, entretanto, desmentida pelo ex-director da PJ do Porto, Ataíde das Neves que, em declarações ao diário “24 Horas”, desmente que Pinto da Costa tenha sido avisado por um inspector da Judiciária. O juiz Ataíde das Neves, actualmente a exercer funções de desembargador no Tribunal da Relação de Coimbra, garantiu ao “24 Horas” tratar-se de "uma notícia completamente falsa e sem fundamento, baseada num simples boato".