Carolina Salgado confirma esquema para prejudicar Benfica
Carolina Salgado, ex-companheira de Pinto da Costa, não acusa apenas o líder do FC Porto no processo que envolve o jogo com o Estrela da Amadora.
As suas declarações são mais abrangentes e serão usadas em vários processos. Um deles será o caso que envolve o jogo Nacional-Benfica e que levou a que Pinto da Costa, Rui Alves e António Araújo fossem indiciados por corrupção activa. Também o árbitro Augusto Duarte está indiciado por corrupção passiva.
O PÚBLICO sabe que as declarações de Carolina Salgado serão agora alvo de certidões e enviadas para outras comarcas, uma das quais a do Funchal, no processo em que o clube prejudicado terá sido o Benfica.
Carolina Salgado confirmou, portanto, a existência de um esquema para beneficiar o FC Porto e sustentou que António Araújo era um dos intermediários. A ex-companheira de Pinto da Costa foi clara: o empresário actuava sempre a mando do FC Porto e nunca por moto próprio.
Na Polícia Judiciária da Madeira, onde o processo que envolve o Benfica está a ser investigado, os autos estão agora parados à espera de instruções da equipa que dirige as certidões. Também poucas diligências acessórias poderão ser feitas (já todos os arguidos foram ouvidos e os seus interrogatórios mantêm-se válidos) e tudo indica que o interrogatório a Carolina Salgado vá servir apenas para sustentar a acusação pública.
Nesse inquérito, há outras semelhanças com o processo que envolve o FC Porto-Estrela da Amadora. Mais uma vez, é referida a existência de um serviço de prostitutas para oferecer aos árbitros que seria patrocinado por Rui Alves, presidente do Nacional.
Quem o diz é Pinto da Costa, que, numa conversa com Pinto de Sousa, ex-presidente da arbitragem da federação, refere que é normal o Nacional "presentear" as equipas de arbitragem com "bacanais", realizados sempre nas vésperas dos jogos.
Também nessa investigação, o Ministério Público interceptou outras chamadas telefónicas que indiciam que o Benfica foi prejudicado a pedido do FC Porto. Aliás, Rui Alves e Pinto da Costa terão falado no final do encontro e, segundo o presidente do Nacional, o seu "amigo" do FC Porto não escondia a alegria pela derrota do Benfica. "Esses já não nos vão chatear mais!", terá dito.
Havia pagamentos em dinheiro
Não era só em favores sexuais que os árbitros eram pagos. Carolina Salgado afirmou, no passado dia 9, à equipa de Maria José Morgado, que o FC Porto pagava igualmente em dinheiro, pelos favores solicitados.
Carolina Salgado disse também que o empresário António Araújo era um dos intermediários no pagamento dos subornos, cabendo-lhe contactar os árbitros. Sobre Reinaldo Teles, administrador da SAD do FC Porto e vice-presidente do clube, e o seu irmão, Joaquim Pinheiro, também vice-presidente do FC Porto, Carolina Salgado assegurou que lhes cabia, igualmente, angariar "raparigas". Que eram recrutadas em bares do Porto e que depois prestavam "serviços" aos trios de arbitragem, para que aqueles beneficiassem o FC Porto.
As declarações de Carolina Salgado estão, para já, apenas "anexas" ao processo que havia sido arquivado pelo Ministério Público do Porto e que envolvia o Estrela da Amadora. As certidões deverão ser enviadas para as restantes comarcas nas próximas semanas.
Ontem, e na sequência da divulgação, por parte do site desportivo Sportugal, do despacho de Maria José Morgado a reabrir o processo FC Porto-Estrela da Amadora, a Polícia Judiciária deslocou-se às instalações da empresa de comunicação social para apreender o documento.
Por não se encontrar no local qualquer responsável, a busca foi adiada para o princípio da noite, mas uma notícia da TVI a "anunciar" a diligência acabou por levar a PJ a recuar.
O presidente do Vitória Guimarães, Vítor Magalhães, denunciou ontem nova tentativa de desestabilização do clube, através de um fax anónimo enviado ao Desportivo de Chaves a relatar um alegado jantar entre Neno e o árbitro Paulo Paraty. Debaixo de um clima de suspeição, a equipa vimaranense acabou por vencer o Chaves por 1-0.
 
Depois de mais uma falta de comparência a um jogo, o Gil Vicente tem os dias contados na Liga de Honra. João Pereira, jogador do clube de Barcelos, afirma ao Sportugal que está descontente com esta situação: “estão a tirar-nos aquilo que mais gostamos de fazer”. O lateral reage e denuncia que “há pessoas que estão a tomar opções para não jogarmos, quando o queremos fazer. Os jogadores não têm nada a ver com a situação e estão a ser os mais prejudicados com tudo isto.”